quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Henrique e Sherman representam o Brasil no Andalucia Bike Race





Henrique Avancini


                           Foto: Algumas corridas ficam guardadas na memória por motivos diferentes. A etapa de hoje da Andalucía Bike Race, foi um desses dias. 
O que passamos hoje foi realmente uma experiência amarga e inesquecível.
Ontem estreamos na prova e nos saímos bem demais. Fizemos a quinta colocação em uma prova de nível bem alto e que é muito focada pelos especialistas de Maratona. Os resultados deixam isso claro.
O clima estava frio, mas durante a noite começou a chover. Amanheceu um gelo e com uma chuva fina que não parava.
Fomos para a concentração de largada e foi anunciado que no alto das montanhas as condições seriam extremas com temperaturas negativas e neve. Eu coloquei todas as roupas que eu tinha, usei todos os truques que eu conheço para driblar o frio(e olha que não são poucos), mas a chuva fazia a sensação térmica despencar. Pedalar em um clima frio é uma coisa, mas pedalar em um clima muito frio e molhado fica insuportável.
Larguei e depois de alguns minutos as pernas descongelaram e eu tinha avisado ao Sherman que iria forçar o pelotão no começo da etapa pois tínhamos uma subida em single-track já nos primeiros quilômetros da corrida. 
Ai começou o nosso drama. Em um trecho de estrada de terra estreita e sinuosa entre oliveiras, fui para a ponta do pelotão e estiquei o ritmo. Logo após este trecho, onde o pelotão ainda estava imenso, entrávamos em um single-track em subida, bem íngreme. Subi na ponta junto com a estrela mundial Mathias Flukiger, e quando saímos da subida olhei para trás e o Sherman não apontava. Diminuí o ritmo e os grupos foram passando aos montes, até que um atleta conhecido me falou que ele tinha tomado um tombo forte na estrada das oliveiras. Perguntei se ele tinha levantado e o atleta me informou que sim. Esperei o Sherman e perguntei se estava tudo bem e então começamos a colocar nosso ritmo de prova. O problema é que no single-track do começo o Sherman acabou entrando atrás de uma multidão que subiu empurrando e só neste pequeno trecho o prejuízo de tempo foi enorme. Logo depois entramos em uma serra com quase 1000m de desnível em single-track. Tivemos que queimar muita força para ir ganhando as muitas posições perdidas. Passamos muita gente!
No topo da primeira serra passei umas das piores sensações da minha vida em cima de uma bike. Vindo de uma pré-temporada no Brasil com muito calor e pegar um dia com chuva, neve, vento, foi terrível.
O maior problema da etapa é que até o meio da prova nós ficamos muito presos em trechos fechados, principalmente em descidas e perdemos muito tempo. 
Cada Km parecia ser maior hoje. Não conseguia me alimentar muito bem porque simplesmente não conseguia tirar o gel do bolso. 
Não paramos de recuperar posições e no final cruzamos a linha como a 11ª dupla. 
na chegada a organização estava dando alguma coisa entre um chá e sopa que eu nem sei o que era só perguntei: "esto és caliente?"...Foi uma das melhores coisas que já tomei na vida!
Ainda não sei o resultado parcial, mas com certeza caímos bastante na classificação geral, mas hoje o rendimento foi muito bom pelas condições adversas e principalmente pelo tombo do Sherman no pelotão.
Vamos ver como o Sherman se recupera do tombo e depois nos preocupamos com o andamento da prova. 
Só saio de baixo das cobertas amanhã antes da largada!

Hoje foi dia de fazer muita força. Uma etapa com muita estratégia e esforço, mas conquistamos nossa melhor colocação na prova até aqui, terminando como a 4ª dupla do dia.
Depois de dois tombos fortes nas duas últimas etapas, as condições do Sherman hoje não eram das melhores e ele sofreu bastante para segurar o ritmo. Em uma prova em dupla, o parceiro que está eventualmente mais forte deve pedalar pensando em ajudar o parceiro, e usar a força a favor dos dois e foi assim que tentei andar hoje.
A etapa teve 73km e como nas outras, o percurso era repleto de trilhas e trechos travados.
No começo da prova, mais uma vez tentei colocar o ritmo do pelotão. Isso tem sido importante para mim nesta prova e vai me ajudar a começar a ganhar um pouco mais de intensidade para as competições de XCO.
O pelotão começou a ser selecionado nos primeiros 25km, até ficar com 9 duplas. O Sherman acabou ficando um pouco em um trecho duro nesta primeira parte. Esperei e comecei a recuperar a distância para o pelotão forçando nas partes mais roladas. Encostamos novamente.
O Sherman foi melhorando ao longo do dia, o que era esperado, pois com as quedas a musculatura fica muito tensionada e só com o tempo em cima da bike é que o corpo“solta” novamente, e é possível andar mais forte.
No meio da etapa, os nossos rivais diretos na classificação geral (os suíços da Stockli e os poloneses da JBG-2) atacaram juntos. As 3 primeiras duplas da geral não se mexeram e ai caiu a responsabilidade no meu peito. Esperei chegar em um trecho mais rolado para tentar tirar a diferença dos quatro ponteiros, sem que o Sherman sofresse muito. Fiz muita força nesse trecho e fui diminuindo aos poucos a diferença. Depois de muito tempo fazendo força sozinho consegui encostar e reagrupar o pelotão. Neste ponto da prova eram 6 duplas juntas, sendo estas as 6 primeiras da classificação geral, na somatória das etapas.
Seguimos juntos e vi que os suíços sentiram o ritmo em uma serra. Peguei a ponta e tentei abrir para tentar tirar a diferença que temos na geral em relação a eles.
Mais a frente os espanhóis da Extremadura, que estavam da 3ª colocação no geral, perderam o contato com o pelotão(devido uma forte queda) e acabamos ficando em 4 duplas, sendo: Centurion-Vaude, Topeak-Ergon, JBG-2 e CALOI. No trecho final o ritmo diminuiu um pouco e os suíços M. Fluckiger e M. Stirnemann, encostaram novamente...Voltamos a ser 5 duplas juntas, com menos de 10km pro final. Quando faltavam pouco mais de 5km pegamos uma subida curta e íngreme, e o pelotão picou. O Sherman ficou por muito pouco, mas se manteve junto com o Stirnemann, o que foi muito importante. Esperei com o Fluckiger para que eles encostassem e já combinamos de revezar. Quando nossos respectivos parceiros nos alcançaram começamos a revezar. Os últimos 5km era um falso-plano, que ia subindo levemente, beirando um rio. Comecei a revezar, mas depois fui levando sozinho. Fomos tirando, tirando,tirando...Na frente eram 6 caras se revezando a fundo. Quando cheguei a 10 metros(caramba, 10metros!) do pelotão, os 3 deram uma pingadinha...que aflição!Esperei e retomamos a perseguição. Segui dando tudo na ponta e a menos de 1km, quase pegamos de novo, dava quase pra ouvir os caras respirando, ai o Fluckiger deu uma assoviada, e o parceiro dele tinha dado uma pingadinha de novo...No final cruzamos a 10 segundos dos campeões do dia. Eu e Sherman seguramos a quarta colocação no sprint com os suíços. Foi por muito pouco que não encostamos para fazer o sprint pela primeira colocação. Tiramos um pouco de tempo em relação aos espanhóis que estavam na terceira colocação, mas nada mudou na geral. Continuamos em 6º e perdemos um pouco de tempo para os poloneses da JBG-2 que agora estão cerca de 45segundos na nossa frente.
Me senti bem mais um dia, mas hoje cheguei com as pernas quadradas. Fiz realmente bastante força na etapa.
Agora faltam duas para acabar e amanhã é a etapa mais longa da prova, com 82km.
Mais uma vez agradeço ao parceirão, por ter segurado as pontas.
Graças a Deus, hoje não tivemos quedas ou problemas. Vamos ver como as pernas acordam amanhã...


Sherman Trezza de Paiva



                                           Foto: Pé na estrada e nos pedais novamente. Depois de curtir um pouco a vida é hora de voltar ao mundo das competições e começar a pensar na temporada 2014. Durante a semana Jogos Abertos de Santa Catarina em Blumenau. No mês de dezembro início do trabalho de base para o próximo ano com o acompanhamento de Rodney Hoffmann em Taubaté. Grande abraço... Vallleu!!!


Quarta etapa do Andalucia Bike Race. Hoje a prova foi em Córdoba, local dos 3 últimos dias de competição.
Passei por uma noite não muito legal depois do acidente de ontem, mas acordei disposto a alinhar e enfrentar mais uma etapa da melhor maneira possível.
Um dia difícil, porém com um resultado positivo. Sofri bastante durante a etapa, principalmente no início da competição. Sobrei um pouco no início da prova e no meio da competição encostamos novamente no grupo dos líderes. O Henrique liderou nosso grupo para encostar em uma fuga, onde estava a quarta e quinta dupla da classificação geral. O final da prova foi bem veloz e disputado. Seguimos para o sprint e batemos a dupla Suíça Mathias Fluckiger e Matthias Stirnemann para assegurar a quarta colocação no dia. Mais uma vez a diferença para os líderes foi bem pequena.
Começamos a prova em quinto. Com o imprevisto da segunda etapa caímos para nono na geral. Ontem, mesmo com a forte queda no final da prova, subimos para sexto e hoje conseguimos manter a posição. Ainda faltam dois dias pela frente.
Sabemos que temos chance de subir 1 ou 2 posições na geral, levando em consideração que estamos em uma prova de etapas, onde muita coisa pode acontecer. Em contrapartida, algumas duplas nos seguem de perto. Vamos continuar focados e fazendo o melhor a cada dia. Grande abraço e até amanhã... Vallleu!!!
MAIS INFORMAÇÕES NO SITE DO EVENTO http://www.andaluciabikerace.com/