Relato de Henrique Avancini
A vitória da CIMTB em Araxá rendeu bons pontos UCI e uma corrida bem atípica.
Esse ano a prova subiu para a classe SHC (stage hours class) que é a classe mais alta de uma competição com chancela da UCI. A pontuação é concedida pelo resultado da classificação geral, que é a soma de tempos de todos os dias.
Tivemos 11 países presentes e acredito que ano que vem será bem maior, pois a UCI concedeu a classe SHC para a CIMTB só no começo do ano, quando a grande maioria das equipes já possuem seus calendários definidos. Mas foi uma competição com boa participação internacional além de dois atletas de maior renome internacional. O eslovaco Michal Lami (top 20 ranking UCI) e o português David Rosa (26 UCI e que havia terminado como vice-campeão da Andalucia BikeRace pouco mais de uma semana atrás). Além da mexicana Campuzano na feminino.
Esse ano a prova subiu para a classe SHC (stage hours class) que é a classe mais alta de uma competição com chancela da UCI. A pontuação é concedida pelo resultado da classificação geral, que é a soma de tempos de todos os dias.
Tivemos 11 países presentes e acredito que ano que vem será bem maior, pois a UCI concedeu a classe SHC para a CIMTB só no começo do ano, quando a grande maioria das equipes já possuem seus calendários definidos. Mas foi uma competição com boa participação internacional além de dois atletas de maior renome internacional. O eslovaco Michal Lami (top 20 ranking UCI) e o português David Rosa (26 UCI e que havia terminado como vice-campeão da Andalucia BikeRace pouco mais de uma semana atrás). Além da mexicana Campuzano na feminino.
Pra mim não foi uma corrida muito prazerosa. No começo do ano, eu defini junto com a equipe que eu iria para a Cyprus SunShine Cup, mas que também faria a CIMTB de Araxá.
A princípio não era o ideal, mas eu queria competir em Araxá mesmo estando cansado.
A prova do Chipre foi o que foi. Acabei forçando ao limite pelo andamento da prova.
Voltei pra casa com um dos principais resultados do MTB brasileiro, mas também de pernas vazias.
Cheguei na quarta no Brasil e na quinta em Araxá. No contra-relógio de sexta-feira ainda estava muito lerdo. O corpo ainda estava sentindo o Jet lag e fuso horário de 6 horas.
Mesmo assim, ainda fiz o terceiro tempo, atrás de Cocuzzi e Lami.
Nesse ponto eu já sabia que se o motor pegasse de novo o maior adversário pra vitória geral seria o Lami, por ser um atleta com bons resultados a nível internacional.
No sábado tivemos o short-track. Mais uma vez acordei de madrugada e a sensação de corpo sonolento ainda estava lá. Na classificatória eu já estava com dificuldades de pedalar firme. No final da classificatória, resolvi dar um ataque. Não mudaria nada na geral, mas o importante era estimular meu corpo. Sentir as fibras ficando duras e o pulmão abrindo.
Nenhum dos dias, competi usando frequencimetro ou sensor de potência. Nestes casos, o ideal é usar a percepção e a experiência pode fazer muita diferença.
A princípio não era o ideal, mas eu queria competir em Araxá mesmo estando cansado.
A prova do Chipre foi o que foi. Acabei forçando ao limite pelo andamento da prova.
Voltei pra casa com um dos principais resultados do MTB brasileiro, mas também de pernas vazias.
Cheguei na quarta no Brasil e na quinta em Araxá. No contra-relógio de sexta-feira ainda estava muito lerdo. O corpo ainda estava sentindo o Jet lag e fuso horário de 6 horas.
Mesmo assim, ainda fiz o terceiro tempo, atrás de Cocuzzi e Lami.
Nesse ponto eu já sabia que se o motor pegasse de novo o maior adversário pra vitória geral seria o Lami, por ser um atleta com bons resultados a nível internacional.
No sábado tivemos o short-track. Mais uma vez acordei de madrugada e a sensação de corpo sonolento ainda estava lá. Na classificatória eu já estava com dificuldades de pedalar firme. No final da classificatória, resolvi dar um ataque. Não mudaria nada na geral, mas o importante era estimular meu corpo. Sentir as fibras ficando duras e o pulmão abrindo.
Nenhum dos dias, competi usando frequencimetro ou sensor de potência. Nestes casos, o ideal é usar a percepção e a experiência pode fazer muita diferença.
Na final do short-track de sábado, eu estava um pouco melhor, mas ainda não tinha pernas rápidas e firmes. Conseguia andar rápido, mas as contrações estavam muito lentas. O principal foi que eu acelerei em algum momento e o Michal Lami, “cochilou” perdendo o contato. O pelotão partiu e fiquei com o Cocuzzi e Rubinho. Apesar do Cocuzzi ser o líder até então e o Rubinho estar muito perto de mim, eu sabia que eles eram atletas mais explosivos e que na prova de XCO no domingo eu teria vantagem sobre eles se eu estivesse bem (senão estivesse, tomaria na cabeça deles e de mais alguns...).
Consegui ganhar tempo em cima do Lami e ficar 16 segundos na frente dele na geral.
Consegui ganhar tempo em cima do Lami e ficar 16 segundos na frente dele na geral.
Até que chegou o esperado XCO de domingo. 6 voltas no tradicional circuito que estava completamente tomado pelo público, coisa de maluco! No domingo dormi normalmente, e quando saí para dar um “giro” matinal senti que o corpo estava diferente. No aquecimento as pernas estavam boas – aliás 90% das vezes eu já sei como será o rendimento só pela sensação do aquecimento.
Voltei a ficar focado, atendo. Visão periférica reduzida, audição abafada e respiração profunda. Quando você entra na “sintonia” é outra coisa...Logo depois da largada já tomei a ponta e comecei a estudar a prova. No final da volta perguntei ao Cocuzzi se ele estava bem, e ele disse que sim. Perguntei pois mesmo sabendo que ele era o líder com 9 segundos de vantagem, eu também sabia que ele estava explosivo e que poderia vir comigo se eu atacasse. Se ele me ajudasse em alguns pontos, seria o suficiente para abrir vantagem do Lami no começo da prova e no final, eu acredito que tenho bons quilômetros a mais nas pernas e isso faria a diferença.
Quando arranquei ainda na primeira volta, o Cocuzzi ficou e acabei abrindo sozinho. Só o Lami vinha de perto.
Mudança de plano. Esperei o eslovaco encostar, quando ele me alcançou ditei o ritmo para que ele recuperasse e então começamos a revezar. A diferença só aumentava pro grupo perseguidor e eu tinha a vantagem de 16 segundos em relação a ele. O Rubinho conseguiu pular do grupo e encostar em nós.
No final da segunda volta começou a chover forte. Muito forte. Na terceira volta voltei a acelerar e o Rubinho ficou.
O grupo vinha perseguidor vinha a mais de 30 segundos, o que é bastante pras 3 primeiras voltas. Estava bem seguro que a disputa seria realmente entre eu e o Michal Lami.
Eu segui puxando maior parte da prova. Ele estava forte, mas não parecia estar muito agressivo para dar arrancadas, então eu fazia pequenas alternações de ritmo para machucar as pernas dele. Eu só precisava que ele ficasse comigo para vencer a classificação geral.
E a chuva caia forte...tão forte que quando apontamos na reta de chegada na terceira volta, e faltando ainda 3 voltas, a prova foi cancelada. Os comissários agitando os braços e a bandeira quadriculada balançando...Fiquei meio abobado, parei de pedalar e olhei pro Lami, ele olhou pra mim e passou alguns centímetros na frente.
O comissário holandês da UCI resolveu cancelar a prova de maneira repentina devido aos raios. A UCI tem uma forte preocupação com a integridade física dos atletas e isso foi intensificado após a morte de uma atleta no ano passado durante a Copa do Mundo de Méribel –França.
Todo mundo reclamou, todo mundo “ia recuperar”, todo mundo falou que estava dando pra andar...e acho que estavam todos certos.
Minha opinião: A decisão de cancelar a prova foi prudente, só houve o grave erro de não ter sido comunicado com pelo menos uma volta de antecedência...
No final venci a classificação geral e fiquei feliz de ter vindo a Araxá mesmo sem estar em boas condições. O público comparece em peso e seja como for, fico feliz de prestigiar e oferecer ação pra galera.
Agradeço a Deus por mais uma vitória. Faltam dois meses e meio para estar 100% em forma, então vamos seguir trabalhando.
Foto: Fabio Piva
Classificação geral:
1 – Henrique Avancini (Cannondale Factory Racing) – 1h45min12s
2 – Michal Lami (Eslováquia) – a 16s
3 – Rubinho Valeriano (AOO Specialized) – a 35s
4 – Luiz Henrique Cocuzzi (Scott/Shimano/Lar) – a 50s
5 – Lukas Kaufmann (Suíça/OCE Cannondale) – a 1min11s
6 – David Serralheiro Rosa (Liberty Seguros/Movefree) – a 1min20s
7 – Ricardo Pscheidt (Trek/Shimano) – a 1min30s
8 – Frantisek Lami (Eslováquia) – a 1min41s
9 – Sherman Paiva (Caloi) – a 1min50s
10 – Guilherme Muller (LM/Shimano) – a 1min55s
Voltei a ficar focado, atendo. Visão periférica reduzida, audição abafada e respiração profunda. Quando você entra na “sintonia” é outra coisa...Logo depois da largada já tomei a ponta e comecei a estudar a prova. No final da volta perguntei ao Cocuzzi se ele estava bem, e ele disse que sim. Perguntei pois mesmo sabendo que ele era o líder com 9 segundos de vantagem, eu também sabia que ele estava explosivo e que poderia vir comigo se eu atacasse. Se ele me ajudasse em alguns pontos, seria o suficiente para abrir vantagem do Lami no começo da prova e no final, eu acredito que tenho bons quilômetros a mais nas pernas e isso faria a diferença.
Quando arranquei ainda na primeira volta, o Cocuzzi ficou e acabei abrindo sozinho. Só o Lami vinha de perto.
Mudança de plano. Esperei o eslovaco encostar, quando ele me alcançou ditei o ritmo para que ele recuperasse e então começamos a revezar. A diferença só aumentava pro grupo perseguidor e eu tinha a vantagem de 16 segundos em relação a ele. O Rubinho conseguiu pular do grupo e encostar em nós.
No final da segunda volta começou a chover forte. Muito forte. Na terceira volta voltei a acelerar e o Rubinho ficou.
O grupo vinha perseguidor vinha a mais de 30 segundos, o que é bastante pras 3 primeiras voltas. Estava bem seguro que a disputa seria realmente entre eu e o Michal Lami.
Eu segui puxando maior parte da prova. Ele estava forte, mas não parecia estar muito agressivo para dar arrancadas, então eu fazia pequenas alternações de ritmo para machucar as pernas dele. Eu só precisava que ele ficasse comigo para vencer a classificação geral.
E a chuva caia forte...tão forte que quando apontamos na reta de chegada na terceira volta, e faltando ainda 3 voltas, a prova foi cancelada. Os comissários agitando os braços e a bandeira quadriculada balançando...Fiquei meio abobado, parei de pedalar e olhei pro Lami, ele olhou pra mim e passou alguns centímetros na frente.
O comissário holandês da UCI resolveu cancelar a prova de maneira repentina devido aos raios. A UCI tem uma forte preocupação com a integridade física dos atletas e isso foi intensificado após a morte de uma atleta no ano passado durante a Copa do Mundo de Méribel –França.
Todo mundo reclamou, todo mundo “ia recuperar”, todo mundo falou que estava dando pra andar...e acho que estavam todos certos.
Minha opinião: A decisão de cancelar a prova foi prudente, só houve o grave erro de não ter sido comunicado com pelo menos uma volta de antecedência...
No final venci a classificação geral e fiquei feliz de ter vindo a Araxá mesmo sem estar em boas condições. O público comparece em peso e seja como for, fico feliz de prestigiar e oferecer ação pra galera.
Agradeço a Deus por mais uma vitória. Faltam dois meses e meio para estar 100% em forma, então vamos seguir trabalhando.
Foto: Fabio Piva
Classificação geral:
1 – Henrique Avancini (Cannondale Factory Racing) – 1h45min12s
2 – Michal Lami (Eslováquia) – a 16s
3 – Rubinho Valeriano (AOO Specialized) – a 35s
4 – Luiz Henrique Cocuzzi (Scott/Shimano/Lar) – a 50s
5 – Lukas Kaufmann (Suíça/OCE Cannondale) – a 1min11s
6 – David Serralheiro Rosa (Liberty Seguros/Movefree) – a 1min20s
7 – Ricardo Pscheidt (Trek/Shimano) – a 1min30s
8 – Frantisek Lami (Eslováquia) – a 1min41s
9 – Sherman Paiva (Caloi) – a 1min50s
10 – Guilherme Muller (LM/Shimano) – a 1min55s